segunda-feira, 18 de maio de 2009

Transferência

Por motivos já explicados transferi todos os textos que estavam neste blog para uma rede social NING http://embuscadabibliotecaperdida.ning.com/. Por favor, vejam os seus textos lá e eventuais respostas dos participantes - mais de 100. 
Luís Milanesi 

terça-feira, 5 de maio de 2009

DE MUDANÇA

Prezados...

Depois de um tempo de tentativas, percebi que o formato do Blogger não respondia às expectativas que eu tinha de formar uma rede de troca de idéias, informação e comunicação. Por isso, criei uma "rede social" bem mais ampla, versátil e poderosa. E muito simples de usar. Ela se chama NING. Mantive o mesmo nome para a “rede social”: “Em busca da biblioteca perdida.” Estou transferindo todos os textos, inclusive os comentários, para o novo sítio de encontros virtuais.  Peço, pois, que entre aqui   http://embuscadabibliotecaperdida.ning.com/   e participe. O NING é muito flexível e você pode escolher como deseja interagir com os demais.

Grato pela compreensão e pela participação.

Luís Milanesi

terça-feira, 28 de abril de 2009

PAUSA PARA MEDITAÇÃO

Não é falta de idéia e nem de tempo (pois cada um administra o seu tempo). Tenho vários temas para tratar e provocações a fazer. No entanto, temo não estar usando as ferramentas adequadas e, por isso, muito está se perdendo. Estou fazendo uma revisão nos procedimentos e, em breve, volto à produção. Mesmo porque a Biblioteconomia da ECA entrou em fase de auto-reflexão, auto-percepção, auto-avaliação e perspectivas de mudanças. 

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A BIBLIOTECONOMIA E AS OUTRAS

Meu projeto de escrever uma série de textos reflexivos sobre a crise em que nos metemos, face a outras demandas, caducou. Não há vaca e nem brejo, mas a vaca está indo para o brejo. E as pessoas estão inquietas. Fiz dias atrás, aqui mesmo, uma pergunta picante: o aluno de biblioteconomia aprende a ser diferente na sala de aula ou antes de optar pela biblioteconomia já era diferente? Em outras palavras: a questão é de ambiente escolar ou de personalidade? Eu não sei responder. Mas pelos anos de magistério observo que o ambiente da biblioteconomia reforça a personalidade da maioria; a minoria, com outra personalidade, rebela-se. Em turmas de biblioteconomia posso, rapidamente, aplicar o título de uma famosa obra de Umberto Eco: Apocalípticos e Integrados. Na sequência do raciocínio, vejo e escuto e concluo: a maioria é integrada. Mas há uma parte de apocalípticos que vive inconformada, vira a mesa e desiste. Seria bom que alguém tivesse a paciência e a coragem de calcular o índice de evasão nos cursos de biblioteconomia. Aqui na USP, por dados oficiais, é alto. Por que isso acontece se a Universidade é gratuita e a carreira “promissora”? Creio que a maior parte dos evadidos são os apocalípticos. É uma pena, pois são exatamente esses que mantêm a chama do debate acessa e que seriam, usando a expressão bíblica, o “sal da terra” da profissão.

Quais seriam as características básicas dos integrados? Primeiramente, regozijam-se com disciplinas “práticas”, essas que ensinam “como fazer”. Rejeitam e sofrem com disciplinas mais teóricas, pois elas não vão servir para nada na vida real, são inúteis. Anos atrás estava “dando aula” (raramente faço isso) e, nessas horas, tenho voos livres, estratosféricos. De repente, uma aluna me puxou para o vil e áspero chão e me perguntou: “isso cai em concurso?” Por uns segundos fiquei catatônico e disse: “não, não cai em concurso, cai na vida”. É que, de um modo geral, os ensinam "o fazer" e, dificilmente, "o pensar". Em termos mais crus: formam para concursos e não formam para a vida e as suas circunstâncias.

Outras diferenças poderão ser vistas posteriormente. Mas fica uma pergunta final: entre apocalípticos e integrados como podem ser divididos alunos de outras áreas profissionalizantes? Em jornalismo, por exemplo, como é o panorama?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

PIAGET & DEWEY 2

Um "anônimo", com razão, apontou um erro meu no neste parágrafo do post Piaget e Dewey: 

A Biblioteconomia secular não prepara pessoas para trabalhar com esse público complexo [os escolares]. E muito menos se preocupam com ele as instituições que buscam formar “cientistas da informação”. Para os primeiros diria que trabalhar com o público infanto-juvenil pede menos vale Dewey e mais pesa Piaget. Para os segundos, não sei o que esperar, talvez um Paulo Freire temperado com epistemologia?Para os primeiros diria que trabalhar com o público infanto-juvenil pede menos vale Dewey e mais pesa Piaget. Para os segundos, não sei o que esperar, talvez um Paulo Freire temperado com epistemologia?

O erro na terceira frase permite retornar ao assunto. Antes, corrijo: "Para os primeiros diria que trabalhar com o público infanto-juvenil pede menos Dewey e mais pesa Piaget." A frase, se lida com atenção, sugere vários desdobramentos e vai desaguar num dos mais complicados problemas de nossa área: a formação profissional. "Dewey", no caso, expressa a tremenda carga tecnicista tradicional. E há os novos tecnicistas (assunto prá logo mais). Com "Piaget"  sinalizei para a necessidade de olhar e entender os que fazem uso dos serviços que oferecemos. Piaget passou a vida estudando crianças e mudou o modo de vê-las.  Se o informador/comunicador não conhecer muito bem o seu público criança/escolar... certamente não vai fazer um bom trabalho. 

No entanto, no último desdobramento da frase, está clara a idéia mais forte: a necessidade de mudanças fortes na área. O informador que se dedica a escolares deve cursar parte dos quatros anos na Faculdade de Educação. E os que já se formaram em Educação fariam mais dois anos nas faculdades de comunicação/informação. Aliás, essa sugestão me custou uma denúncia ao Conselho de Biblioteconomia por quebra da ética profissional.  

E podemos, ainda, imaginar um outro e mais explosivo sentido oculto: No momento em que Informação se espalha por várias áreas do conhecimento ela só fica clara se vier acompanhada de algum outro termo: Informação Administrativa, Informação para Negócios, Informação Pública e, também, Informação para Educação. A frase do Piaget versus Dewey é uma típica "fácil falsa". 

O PERFIL DOS ALUNOS

Edilson fez um comentário no post "Informação Pública: que bicho e esse?" onde menciona a falta da dimensão política no profissional da informação. Esse é um assunto, para mim, muito intrigante. Não sei o motivo, mas os profissionais da antiga Biblioteconomia raramente se meteram em questões políticas. Na ECA eu ministrava uma das disciplinas para todas as áreas, além da Biblioteconomia: Jornalismo, Artes Cênicas, Relações Públicas, Cinema, etc. Os alunos de Biblioteconomia sentavam-se juntos e, pelas características, eu denominava o grupo de "a minha ilha do silêncio". O fenômeno repetia-se ano a ano. E de tal forma que eu cheguei a uma conclusão: não era a Biblioteconomia que moldava a cabeça dos alunos, mas as cabeças já moldadas é que escolhiam a Biblioteconomia. Curiosamente, os jovens que que queriam ser jornalistas eram bem diferenciados dos alunos que desejavam ser bibliotecários, ainda que ambos escolhessem, de forma variada, trabalhar com informação. Na realidade, os alunos da Biblioteconomia optavam por UMA imagem da profissão (a rotina silenciosa, o convívio com os livros, a visibilidade social limitada...) e não pelo perfil real de um agente/gestor/ator da informação. Será que o perfil dos nossos alunos mudou? Me vem à lembrança o Machado de Assis do Soneto de Natal:
"E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

terça-feira, 14 de abril de 2009

ARQUIVOLOGISTA: PAPEL EM CRISE

Não conheço detalhadamente os currículos dos cursos de Arquivologia (ou Arquivística como dizem alguns) existentes nas universidades brasileiras. Pelo que consta ela é irmã da Biblioteconomia e da Museologia e podem aparecer juntas sob a sombrinha da “Ciência da Informação”. No entanto, como a “Ciência” está no singular, não creio que elas integrem como uma ciência particular ou façam parte de ciência maior, mesmo não sendo uma ciência. Belo imbroglio, como dizem os italianos.

A apresentação do Curso de Arquivologia da UnB que, suponho, seja um dos mais atualizados, no seu primeiro parágrafo, dá o cenário onde atuará o arquivologista (ou arquivista?):

"Pilhas de documentos encostados no canto de uma sala, milhares de informações importantes perdidas em papéis sem qualquer identificação. A cena é recorrente em vários órgãos públicos e em empresas privadas que, na maioria das vezes, não dão o valor necessário aos documentos que contam sua história. Certidões, comprovantes e relatórios, que podem fazer a diferença na vida de várias pessoas, são deixados de lado por falta de organização."

Essa visão do inferno todos nós conhecemos. Há um acúmulo de desorganização, onde não apenas pouco se encontra como tudo está sob ameaça permanente de se perder de vez. E faltam pessoas e recursos para ordenar esse caos.

Ao lado disso, temos visto em setores administrativos esforços claros no sentido de NÃO mais produzir toneladas de papel. Em algumas organizações mais atualizadas, o que a legislação permite, já é digital e circula pela internet. Aos poucos essa migração será acelerada e. dentro de um tempo que não se pode prever, carimbos, assinaturas e tramitação tortuosa deixarão de existir. Pelo que percebo, estamos nesse processo de mudança há algum tempo e é irreversível.

Creio que é sob essa luz que a Arquivologia – que eu preferiria chamar de Informação Administrativa – deve ser vista. Em outras palavras: a preocupação é, não apenas, informatizar o remanescente desorganizado, mas criar as novas formas e plataformas de circulação de documentos administrativos. E aí vem a pergunta: esse profissional não deveria ser a integração do administrador com o analista de sistema?

Outra pergunta: no futuro, que já é presente, sendo criadas grandes organizações informatizadas (por exemplo, a administração federal) o ordenamento não será pré-estabelecido e o administrador, simplesmente, não digitará algumas teclas para localizar ou arquivar?

Se hoje há um caos de papéis e traças que um batalhão terá dificuldade para desinfetar e ordenar, amanhã esse batalhão deverá ter novas funções no campo da organização de sistemas. O prognóstico – que serve para a vasta e velha Biblioteconomia – é que essas novas funções serão desempenhadas por outros profissionais e a Arquivologia, este filme nós já vimos, poderá perder espaço para engenheiros de sistemas digitais, especialistas em banco de dados e conexos. E quem dialogará com esses engenheiros serão os administradores. Mais uma vez ficamos num meio de campo meio embaçado e confusos com a síndrome de terceiro escalão.