quarta-feira, 1 de abril de 2009

INFORMAÇÃO PRÁ QUE?

É preciso deixar bem claro: desde a minha mais tenra infância bibliotecária penso a Informação, primeiramente, a partir de quem a recebe. Ainda estudante criei algumas confusões quando disse que na Biblioteconomia a preocupação quase solitária era “como fazer” e eu achava que antes de pensar no “como” era necessário dar resposta a uma pergunta muito simples: “por que fazer?”. Em outras palavras, na opinião corrente da época, eu estava infestando com filosofices as regras de catalogação. No entanto, acreditava que ao dar resposta a essa pergunta estava olhando para as pessoas e me colocando no lugar do receptor. E vinha o desafio: conhecer o meu público; e ao tentar fazê-lo pedia socorro a outras áreas do conhecimento: sociologia, antropologia, história e, vá lá, filosofia. Interessava-me muito um campo muito tênue nos currículos: “estudo do usuário”. Aliás, “usuário” é o que usa; quem não usa e devia usar é o “público”.
Hoje me parece óbvio que é fundamental ao criar um serviço de informação saber a quem vou servir e o que pretendo com o meu trabalho. Na época isso não era relevante e tudo se concentrava nas “disciplinas técnicas” que existiam em sua aridez como fim e não como meio. Em algum texto publicado nesse tempo fiz uma frase um tanto maldosa: a área de conhecimento do bibliotecário mede 7 e meio por 12 e meio. Eu apenas estava me defendendo da imposição que me fazia reter quilômetros de regras sem saber o que fazer com elas. Pode, hoje, parecer ingênuo, mas na época me entendia como o médico que examinava o paciente, conversava com ele, pedia alguns exames clínicos para fazer um diagnóstico. Só depois de conhecê-lo muito bem prescrevia a medicação. Como regra, não criava medicamentos. Quem fazia isso eram os farmacólogos, os químicos... Apenas conhecia as bulas e utilizava os medicamentos da melhor forma possível em busca do bem-estar das pessoas. Às vezes não havia medicação adequada e nada me impedia de inventá-las. O papel essencial do bibliotecário era, conhecendo muito bem o seu público, torná-lo usuário dos serviços oferecidos. Dentro do meu modo de ver (método) continuo olhando, antes das técnicas, o público que escolhi.
No próximo post vou tentar ver o que acontece com a Informação aplicada a um público que deveria, como meta do País, ser preferencial e que, no entanto, é menosprezado, vilipendiado, maltratado: os escolares.

Um comentário:

  1. Boa pergunta! Todos necessitam de informação. Precisamos então de um conceito de Informação. Fui até a wikipedia e achei esse muito interessante: informação enquanto conceito, carrega uma diversidade de significados, do uso cotidiano ao técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de restrição, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, significado, estímulo, padrão, percepção e representação de conhecimento. Então tudo isso está embutido numa simples palavra, mas que apresenta uma série de questões que podem ser vistas uma a uma. E essa discussão dá "panos pras mangas". A meu ver a informação é tudo que se encontra registrado em um suporte ou um conhecimento explicitado em um documento ou ainda um um conhecimento coisificado. Acho que é uma palavra bastante complexa, pois do senso comum ao cientifico, utilizamos informações para solução dos nossos problemas. Portanto, vejo a informação como um conhecimento. Só que a informação registrada é o conhecimento explicitado e o que ainda não foi registrado é o conhecimento tácito. Esse tipo de conhecimento (o tácito), está na formação de cada ser humano, naquilo que ele possui enquanto ente pensante. Respeitando essa "individualidade", o meu conhecimento/visão de mundo não é igual ao seu nem ao de mais ninguem, como também o seu não o é. Creio que daí surge a grande dificuldade da CI definir e delimitar que tipo de informação trabalhamos. Acho que a questão é: informação para quem? talvez a partir dai, possamos dar um encaminhamento melhor ao que a CI junto com a biblioteconomia busca estudar.

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